sexta-feira, 21 de maio de 2010

SOBRE A UNIDADE DE ESSÊNCIA ENTRE O PAI E O FILHO


"Eu e o Pai somos um". (João 10: 30)


Quanto mais milagres o Senhor Jesus operava, e quanto mais Ele Se aproximava de Sua morte, tanto mais abertamente Ele falava de Si mesmo. Os numerosos milagres e a crescente duração do tempo para contemplá-los promoviam mudanças tanto nos bons quanto nos ímpios. Os bons se tornavam receptivos à revelação dos elevados mistérios de Deus. Os ímpios, agarrando-se ao mal, obscureciam-se cada vez mais e se tornavam incapazes de receber esses mistérios. É por isso que os os ímpios pegaram (...) em pedras para O apedrejar (João 10: 31).

Eu e o Pai somos um. O Pai e o Filho são um em Essência, mas não são um em Pessoa (Hipóstase). Do contrário, não se poderia chamá-los por dois nomes, Pai e Filho. Tanto o Filho quanto o Espírito Santo têm todos os atributos da Essência do Pai. Entretanto, os atributos da Pessoa do Pai pertencem apenas ao Pai, os atributos da Pessoa do Filho pertencem apenas ao Filho, e os atributos da Pessoa do Espírito Santo pertencem somente ao Espírito Santo. Mas quando o discurso é sobre a Essência Divina, o Filho pode dizer "Eu e o Pai somos um"; e o Pai pode dizer "Eu e o Filho somos um"; e o Espírito Santo, pode dizer "Eu, o Pai e o Filho somos um."

O Senhor Jesus Cristo exprimiu a unidade de Seu Ser com o Pai nas seguintes palavras: O Pai está em Mim e Eu Nele (João 10:38). Pode a Divindade do Filho ser expressa com mais clareza? Pode a língua humana comunicar a unidade do Deus Triuno em termos mais fortes? O dogma da divindade do Filho de Deus, bem como o dogma da unidade do Ser de Deus, foi revelado e exposto pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Portanto, que ninguém dê crédito às mentiras de certos incrédulos e hereges, que supõem que o Senhor Jesus não revelou a Sua divindade, e alegam que esse dogma foi introduzido pela Igreja muito mais tarde. Se Cristo não tivesse proclamado a Sua divindade, por que os judeus lhe teriam dito: Tu (...) Te fazes Deus a Ti mesmo (João 10: 33)? E por que pegaram em pedras contra Ele?

Senhor Jesus, Cristo, Filho de Deus, uno em Essência com o Pai e o Espírito Santo, tem piedade de nós e salva-nos pelo poder e bondade de Tua onipotente e onijusta divindade.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

LIVRE ARBÍTRIO, LIBERDADE E ESCRAVIDÃO

Por: José Messias Lins Brandão
Fonte:Revista Arautos do Evangelho, Out/2005

A liberdade é um dom que os seres inteligentes receberam de Deus para escolherem entre várias formas de bem, de verdade e de beleza. Mas quando eles escolhem o mal, o erro e a feiúra moral, estarão sendo livres? O que é liberdade?


Imaginemos um restaurante com variado e requintado cardápio o qual põe a nossa disposição apetitosos pratos e bebidas de todo tipo. Escolhendo o que mais nos agradar, estaremos usando de um precioso dom concedido por Deus aos anjos e aos seres humanos: a liberdade de optar por aquilo que mais nos convém, segundo a nossa natureza.

Enquanto esperamos o garçom providenciar as iguarias, notamos em mesa próxima um homem que exagerou nas doses de bebidas alcoólicas e perdeu o controle de si, começando já a dizer em voz alta coisas inconvenientes. E um pensamento atravessa a nossa mente: eis aí outro exemplo do livre arbítrio. Esse pobre coitado nada mais fez do que usar a liberdade que lhe assiste, escolhendo a bebedeira contra a sobriedade... Afinal, ele é livre. Cada qual escolhe o que quer, e ninguém deve interferir.

É certo esse raciocínio? - É errado!

Errado?! - protestará alguém. - Então você acha que tinha a liberdade de escolher entre diversos pratos e bebidas, e ao mesmo tempo não dá a seu vizinho a liberdade de se embebedar? O que é "liberdade" para você?

A pergunta do meu exaltado e hipotético interpelante não está bem formulada. Ele deveria perguntar o que a nossa mãe e mestra, a Santa Igreja Católica, ensina a respeito de liberdade. É certo que aquilo que Ela recomendar estará de acordo com a reta razão e será o melhor para nossa natureza humana. No episódio imaginado por nós acima, haverá uma diferença entre nosso comportamento e o do bêbedo? Pondo em termos doutrinários essa questão, o homem é deveras livre, moralmente falando, de escolher entre o bem e o mal, ou apenas de escolher entre diversas formas de bem?

A liberdade do animal irracional

São quase 11 horas da manhã, o dia está ensolarado, e um gato salta o muro para a casa do vizinho, porque percebeu, em cima da mesa da copa, uns bons pedaços de bife cru que vão ser fritos para o almoço. O bichano nem se coloca um problema moral, refletindo se é certo ou errado "roubar" aquela carne. Já com água na boca, ele age com rapidez, pula a janela e arrebata o alvo de seu apetite, voltando para o seu quintal. Depois de se deliciar calmamente, lambe os bordos da boca, coça-se e vai para um canto descansar. Ele não passará por nenhum drama de consciência, nem sentirá necessidade de procurar um padre para se confessar. Muito pelo contrário, dormirá uma boa e prolongada sesta.

Essa é a liberdade própria dos animais irracionais. Eles não têm leis que reprimam seus apetites, porque são incapazes de conhecê-las.

Não é essa a liberdade que cabe aos seres racionais, como o homem (e os anjos).

"Ao passo que os animais não obedecem senão aos sentidos e não são impelidos senão pelo instinto natural a procurar o que lhes é útil ou a evitar o que lhes seria prejudicial, o homem tem, em cada uma das ações de sua vida, a razão para o guiar".

Assim se exprime o Papa Leão XIII em sua célebre Encíclica Libertas Praestantissimum, sobre a Liberdade Humana, publicada em 1888, época em que estava na moda acusar a Igreja Católica de ser contrária à liberdade.

Hoje em dia há uma crença generalizada, difundida por certas escolas filosóficas não-católicas, a respeito de livre arbítrio e liberdade, que discrepa da doutrina definida pelo Magistério da Igreja Católica. Muitas pessoas são tão mal informadas a esse respeito que nem imaginam possa haver tal discrepância.

Entretanto, o ensino católico não deixa margem a dúvidas: ao homem, ser racional, não é lícito agir como se fosse animal irracional.

Temos a liberdade natural de, entre os bens deste mundo, escolher aquilo que nos apraz, segundo nossas conveniências. Por exemplo, preferir esta ou aquela bebida, esta ou aquela comida, conforme dissemos no exemplo já citado. Trata-se de matérias que só longinquamente estão relacionadas com a Lei de Deus (de algum modo estão, mas isso seria tema para outro artigo).

Essa liberdade chama-se natural, porque a razão nos mostra ser ela harmônica com nossa natureza humana.

O livre arbítrio deve obedecer à razão

Ouve-se muita gente dizer que livre arbítrio é a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a verdade e o erro, a beleza e a feiúra estético-moral. Enganam- se. De fato temos a capacidade de optar por aquilo que não é correto, mas, ao agirmos nesse sentido, estamos abusando da liberdade que Deus nos deu, ao invés de usá-la reta e ordenadamente. Além do mais, estamos interpretando erradamente o que é o livre arbítrio.

Encontramos explicações muito claras a esse respeito em diversas fontes católicas, e consultá-las nos faz conhecer ensinamentos os quais nos serão úteis para bem conduzirmos nossa vida.

Leão XIII, por exemplo, na Encíclica já mencionada, diz no que consiste o dom da liberdade, dado por Deus aos seres dotados de inteligência:

"Considerada em sua natureza, essa liberdade não é senão a faculdade de escolher entre os meios apropriados para atingir um determinado fim. É nesse sentido que quem tem a faculdade de escolher uma coisa entre algumas outras é senhor de seus atos".

Note-se que essa liberdade não nos dá o direito de escolher um fim ilícito, ou um meio ilícito para atingir determinado fim, mas tão-só escolher entre vários meios lícitos para atingir um fim lícito. Só isso pode ser considerado verdadeiro exercício da liberdade humana.

Tendo isto em vista, podemos nos perguntar o que é o livre arbítrio? Leão XIII explica que "o livre arbítrio é um predicado da vontade, ou melhor, é a própria vontade, enquanto nos seus atos ela tem a faculdade de escolher". Contudo, nossa vontade precisa ser iluminada pela inteligência. Ou seja, quando vamos tomar uma decisão, primeiramente temos de julgar, por meio de nossa razão, se aquilo é um bem real ou não. E, no fim, devemos agir conforme a conclusão tirada.

Assim, o exercício do livre arbítrio se dá enquanto optando-se entre vários bens que nossa inteligência nos apresenta como lícitos.

Nas palavras de Leão XIII, nunca uma pessoa escolhe fazer ou querer alguma coisa sem antes haver pensado sobre aquilo, ainda que com a rapidez de um raio:

"Em todo ato voluntário, a escolha é sempre precedida de um juízo sobre a verdade dos bens, e sobre que bem deve ter preferência sobre os outros. Nenhuma pessoa sensata pode duvidar de que julgar é um ato da razão, não da vontade. Assim, pois, se a liberdade reside na vontade, a qual, por sua natureza, é um apetite obediente à razão, segue- se que a liberdade, como a vontade, tem por elemento um bem conforme à razão".

Ao julgar se alguma coisa é certa ou errada, nossa razão é guiada pela lei natural, gravada por Deus no nosso coração.

Como ensinam os Doutores da Igreja, entre os quais Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e São Boaventura, citados pelo Catecismo da Igreja Católica, "a lei natural não é senão a luz da inteligência posta em nós por Deus. Por ela conhecemos o que se deve fazer e o que se deve evitar". E nossa razão nos mostra que "o mal deve ser evitado e deve-se fazer o bem", "não faça aos outros aquilo que não deseja que seja feito a si próprio", etc., axiomas bem conhecidos em filosofia ética.

Quando alguém decide agir contra sua própria razão, esta última não deixa de protestar (é a famosa "dor de consciência"). A pessoa sabe que não está agindo bem. E até uma criança percebe isso. Se algum menino pega às escondidas um doce, quando a mãe lhe pergunta se ele fez aquilo, sua primeira reação é corar de vergonha.

De tal modo Deus criou o homem dependente da razão que, quando alguém se desvia do reto caminho, "fabrica razões" para justificar seus erros. Mesmo assim não deixa de sentir, de vez em quando, umas "pontadas" da dor de consciência.

Mas pode ocorrer que a inteligência humana se engane, mostrando como um bem algo que, na verdade, tem apenas a aparência de bem. Alguém, por exemplo, resolve entrar para uma seita qualquer, porque os seus membros levam seus princípios mais a sério que a maioria dos católicos. Infelizmente acontece...

Caso suceda um engano desse tipo, fica demonstrado que aquela pessoa realmente usou seu livre arbítrio, mas de modo falho. Como diz Leão XIII, trata-se "de um defeito da liberdade, como a doença é um defeito da vida".

Uma situação muito pior é quando a razão nos mostra que algo é errado, mas mesmo assim escolhemos fazer o que é mau ou errado. Trata-se de um abuso da liberdade.

Escolher o pecado é escolher a escravidão

Imaginemos um exemplo. Débora e Clarice trabalham na mesma sala de um hospital. No entanto, se detestam mutuamente. Um dia acontece um furto no serviço, e Débora sabe perfeitamente que Clarice nunca faria aquilo. Entretanto, não consegue se conter e aproveita essa "maravilhosa" ocasião para cochichar difamações contra a colega de trabalho.

O que se passou na alma de Débora? A razão mostrou-lhe que não era lícito difamar Clarice, e que, pelo contrário, aquela era uma boa oportunidade para praticar um ato de virtude, elogiando a honestidade dela. Entretanto, dominada por sua má paixão, não quis dar ouvidos à sua razão e decidiu praticar o mal.

Tinha ela a liberdade de agir assim? Não! Como já vimos, o ser humano tem, obviamente, a capacidade concreta de pecar, mas não tem o direito de fazê-lo. Muita gente pensa que ser livre é fazer o que quiser, é "pisar" (ignorar) sua razão e sua consciência e realizar todas as suas "fantasias", como se diz modernamente. Erro grosseiro e pura ilusão. Quem age assim não é mais livre; tornou-se, isto sim, escravo do pecado.

Livres são os que se mantêm fiéis à sua razão, a qual, por sua vez, mostra- lhes que não podem praticar o mal, mas devem observar a lei natural e a lei divina, da qual aquela se origina.

Leão XIII prova isso de modo muito claro. Diz ele:

"Deus, a Perfeição Infinita, sendo a suma Inteligência e a Bondade por essência, é também soberanamente livre, e não pode de modo algum querer o mal moral. E o mesmo sucede com os Bem-Aventurados do Céu, enquanto contemplam o Bem supremo. Era essa a advertência que Santo Agostinho e outros faziam sabiamente contra os pelagianos, a de que, se a possibilidade de afastar-se do bem pertencesse à essência e à perfeição da liberdade, então Deus, Jesus Cristo, os Anjos e os Bem- Aventurados, que não têm esse poder, não seriam livres, ou então seriam livres de modo menos perfeito que o homem em estado de prova e imperfeição".


Em outras palavras, quem é mais livre do que Deus, Senhor de todas as coisas? Entretanto, por sua própria natureza Ele nunca poderia escolher o mal, o erro ou o feio moral. Se a opção pelo mal constituísse uma forma de liberdade, isso significaria que Deus, como todos os que estão no Céu, seriam menos livres do que o pecador (e do que os demônios e os condenados ao fogo eterno), o que é um absurdo.

Leão XIII cita São Tomás de Aquino, mestre no assunto, para mostrar que "a possibilidade de pecar não é liberdade, mas escravidão". Para chegar a essa conclusão, ele recorda uma frase pronunciada pelo próprio Jesus Cristo: "Aquele que comete o pecado é escravo do pecado" (Jo 8,34).

Diz Leão XIII: se a pessoa "se move segundo a razão, move-se por iniciativa própria e segundo sua natureza, e isso é liberdade. Mas, quando peca, age contra a razão, como se fosse movido por um outro e estivesse sujeito a uma dominação estranha. Por isso aquele que comete o pecado é escravo do pecado".

E o mesmo Papa acrescenta: "Mesmo os filósofos pagãos reconheceram essa verdade, sobretudo aqueles para os quais só quem é sábio é livre; e, como se sabe, eles entendiam por sábio aquele que tivesse aprendido a viver constantemente segundo a natureza, isto é, na honestidade e na virtude".

Liberdade dos filhos de Deus e "liberdade" dos rebeldes

Resumindo, o ser humano deve agir segundo sua razão, ainda que suas paixões a contrariem, que isso lhe custe esforço, e por maiores que sejam os obstáculos a enfrentar. A razão pede a obediência à lei, natural e divina, e mostra que o contrário não é liberdade, mas libertinagem. Tertuliano dizia: "Deus deu a lei ao homem, não para privá-lo de sua liberdade, mas para manifestar-lhe seu apreço".

Na história do mundo, os primeiros a agir contra a razão foram Adão e Eva, quando cometeram o pecado original. Confundiram liberdade com independência, e nesse caso não foram livres, mas libertinos. Seus descendentes, até o fim do mundo, vão arcar com as conseqüências desse pecado, levando uma vida árdua nesta terra, em meio a doenças, guerras, crimes, etc.

Aqueles que se rebelam contra a lei de Deus, e se crêem livres por se negarem a obedecer, são escravos de seus vícios e de suas paixões desordenadas. Livres, realmente, são os que se submetem com amor à vontade divina, desfrutando da liberdade dos filhos de Deus.

Os rebeldes são chamados pela graça para se lembrarem de que são seres humanos e, enquanto tais, não lhes é lícito abraçar uma falsa liberdade que os assemelha aos animais.

Em síntese: livre arbítrio e liberdade são capacidades dadas por Deus ao homem (e aos anjos) para escolher a verdade, o bem e o belo moral, de modo que possam se assemelhar mais a Ele, que é a Liberdade em essência.

O MAL NÃO PRECISA DE UM PRINCÍPIO PARA EXISTIR

Fonte:Traduzido, com adaptações, de L'Ami du Clergé, de 1907)

         Revista Arautos do Evangelho, Jul/2008, n. 79, p. 25

Como uma natureza santa, pura e justa foi capaz de perverter-se pelo Pecado Original, não tendo em si mesma um princípio de mal?




"Se a natureza humana foi criada no estado de santidade e de justiça - e da mesma maneira o anjo decaído, criatura do Deus três vezes santo - o mal não existia nela. Como, então, uma natureza santa, pura e justa, foi capaz de perverter-se, se ela não tinha em si mesma um princípio de mal? E se foi ela própria que criou esse princípio nefasto, como terá ela sido santa, justa e correta em sua origem, uma vez que a santidade não admite o mal?"

O que responder à seguinte dificuldade, proposta por uma excelente religiosa?

Esta objeção pressupõe, no espírito da consulente, um conhecimento incompleto do mal, da justiça original e do pecado do homem e do anjo.

O mal não é um ente que precise de um princípio para existir: aquilo que não é uma criatura, não pode ter um princípio ou uma causa que o faça existir. É um puro defeito, uma pura carência que não requer para se produzir nada mais do que a defectibilidade de quem o comete. Não procuremos, pois, o princípio do mal como se fosse alguma coisa de positivo, procuremos somente se existia alguma defectibilidade naquele que o cometeu.

A justiça original estabeleceu no homem uma ordem perfeita em todas as suas faculdades; ela o unia ao soberano Bem e - deixando-lhe uma aptidão para amar todos os bens criados - regulava seus afetos de tal sorte que o amor do bem criado estava subordinado ao amor do Bem incriado, do Bem divino.


Mas essa santidade não colocou o homem na possessão desse Bem incriado; o homem não via Deus face a face, ele não O conhecia senão por suas manifestações exteriores. Visto e possuído em Si mesmo, esse Bem supremo supre de tal forma as faculdades da criatura, e as atrai de modo tão irresistível, que lhe resulta impossível separar-se d'Ele. Visto através das criaturas, e apesar de ser conhecido como o Bem soberano, Deus não apareceu em sua beleza e bondade infinitas nem mesmo aos anjos; Ele atrai a Si a criatura sem colocá-la na impossibilidade de trocá-Lo por qualquer bem criado. A primeira santificação deixava subsistir, tanto na natureza humana quanto na angélica, a defectibilidade inerente a qualquer criatura.

Não possuindo o soberano Bem na plenitude de seu fim último, elas poderiam, por seu livre-arbítrio defectível, apegar-se a qualquer criatura - e, em particular, à sua própria excelência - a ponto mesmo de esquecer- se do Bem supremo. Foi o que fizeram os anjos, ao se elevarem em seus próprios pensamentos até pretenderem igualar-se a Deus e recusarem-lhe sua submissão; e o homem, cedendo ao atrativo do fruto proibido, transgredindo a proibição divina. Foi assim que o mal entrou no mundo, sem outra origem que a deficiência do anjo primeiramente, e do homem em seguida. Falíveis um e outro, eles caíram.

Esta é toda a explicação do mal.

PRESIDENTE DA BOLÍVIA - EVO MORALES - PEDE AO PAPA PARA ABOLIR CELIBATO CLERICAL

Fonte: http://news.noticiascristas.com

Pedidos estão em carta entregue por Evo Morales a Bento XVI. Eles conversaram durante 25 minutos no Vaticano.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, que conversou nesta segunda-feira por 25 minutos com o Papa Bento XVI no Vaticano, entregou uma carta na qual pede ao pontífice para abolir o celibato e democratizar e humanizar a Igreja Católica.

"A Igreja não tem que negar uma parte fundamental de nossa natureza como seres humanos e deve abolir o celibato. Assim haverá menos filhos e filhas não reconhecidos por seus padres", afirma Morales em sua carta.

O presidente boliviano divulgou a carta durante uma coletiva de imprensa celebrada ao término do encontro com o papa.

Morales também enfatiza em sua carta que "é imprescindível democratizar e humanizar sua estrutura clerical" e pede que as "mulheres possam ter as mesmas oportunidades que os homens para exercer plenamente o sacerdócio".

Esta é a primeira vez que o presidente boliviano é recebido no Vaticano pelo papa.

Morales surpreendeu na semana passada ao revelar pela primeira vez seu catolicismo. "Quero falar a verdade: eu sou católico", afirmou, apesar das relações tensas que seu governo mantém com a hierarquia católica boliviana.


Meu comentário (Nota Católica)


O presidente boliviano está totalmente equivocado em seu pedido ao Santo Padre. A questão de "filhos não reconhecidos por sacerdotes católicos" nada tem de relação com o celibato clerical.

Mesmo no casamento podemos constatar a infidelidade e falta de compromisso para com alguma das partes.   Tais desordens constantemente é apregoada por meio das novelas que ocupam lugar de destaque em muitos lares que se dizem cristãos.

A questão está nos valores e princípios cristãos que infelizmente a sociedade está a perder. Jesus Cristo no evangelho, valoriza o celibato "por amor ao reino dos céus." São Paulo por várias vezes em suas cartas no novo testamento, aconselha os pastores da Igreja a viverem o celibato para melhor servir a Deus.

Aqui repito que São Paulo "aconselha"; portanto o celibato clerical não é algo que a Igreja impõe arbitrariamente, mas ao contrário, o celibato é uma escolha que o indivíduo faz de livre vontade como doação de todo o seu ser, para melhor servir a Deus e aos outros, é antes de tudo um ato de Amor. Nossa sociedade precisa redescobrir esses valores que muitas vezes não podem ser compreendidos sem a devida experiência do sagrado e do mistério de Deus em nossas vidas. 

Sobre a democratização da Igreja sugerida pelo presidente boliviano, prefiro nem comentar, uma vez que tal idéia demonstra que muitos que assim pensam, infelizmente não possuem o conhecimento devido para com a igreja que dizem fazer parte.

A Igreja não é um simples partido político e muitos menos uma repartição sindical onde todos ao seu modo podem intervir. A Igreja é uma instituição fundada por Jesus Cristo, por ele organizada e confiada aos 12 APÓSTOLOS; estes por sua vez transmitiram toda a tradição recebida de Jesus e hoje são os bispos os legítimos pastores e sucessores destes primeiros apóstolos. A isto nós chamamos de "sucessão apostólica" e aos demais presbíteros (padres) os reconhecemos como colaboradores dos bispos.

Sobre a questão das mulheres, devemos reconhecer que sempre atuaram de maneira ativa no seio da Igreja (não como ministras ordenadas), mas como verdadeiras evangelizadoras, muitas vezes derramando o próprio sangue para defender a fé cristã. Aqui recordamos Santa Perpétua e Santa Felicidade, ambas martirizadas na Roma pagã do primeiro século de nossa era.

Lembramos também a atuação de Santa Catarina de Sena em plena alta idade média e Santa Teresa de Ávila no século XVI e tantas milhares de outras que souberam viver com fidelidade a autenticidade de suas vocações como consagradas ou como mães de família.

Por meio do batismo todos nós já fazemos parte do sacerdócio de Jesus Cristo. Somos chamados a viver e a agir neste mundo como verdadeiros missionários, levando o Evangelho a todos os que fazem parte de nossas vidas. Muitos foram os discípulos e discípulas do passado que souberam viver com fidelidade a vocação batismal,  muito mais são os de hoje, porém, Jesus instruiu os 12 APÓSTOLOS para que pudessem conduzir a "messe" do Senhor com sabedoria e dedicação. 

Foi vontade de Jesus formar o colégio apostólico com os 12, e a Pedro ele escolheu para que pudesse ser o pastor comum (papa). Como vemos, a organizaçao da Igreja nada tem de humana, pois tudo foi recebido primeiramente de Jesus Cristo, e este continua a assistir-nos por meio do seu Espírito Santo. O que é meramente humano, por sí só se destrói.

Reconhecer os legítimos pastores da Igreja em nada reduz o papel da mulher, ao contrário, torna-se para todos nós um sinal de comunhão, unidade e obediência, valores esses que muitos em sua ignorância jamais poderão compreender.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A IGREJA E AS UNIVERSIDADES

Por: Dom Redovino Rizzardo

Inúmeros jovens, que não conseguem ir além das poucas noções de catequese aprendidas quando crianças, ao terminar a universidade se descobrem ateus e agnósticos, sobretudo pelas críticas que ouvem contra o "obscurantismo" da Igreja ao longo da história, principalmente durante a Idade Média, sempre vista como um período de ignorância, superstição e repressão.

No entanto, foi exatamente a Idade Média que ofereceu a maior contribuição intelectual que o mundo conheceu até hoje, ao dar início às universidades, que nasceram sem nenhum precedente histórico. Como se sabe, na antiguidade, pelo menos no mundo greco-romano, cada filósofo e mestre de ciências tinha a sua escola, totalmente diferente do que é hoje a universidade. Ela surgiu na Idade Média, pelas mãos da Igreja Católica, à sombra das catedrais e dos mosteiros, e logo se transformou num poderoso centro de saber e de erudição. Para o escritor Daniel Rops, "a Igreja é a mãe de todas as universidades".

É esta também a convicção do conceituado comunicador e professor Felipe Aquino, num artigo que escreveu há poucos meses, e que me permito sintetizar e repassar.

Desde os seus primórdios, as catedrais, mosteiros e abadias, competiam entre si na fundação de escolas, para a formação de quantos desejassem penetrar no mundo misterioso da ciência, independentemente se fossem candidatos à vida eclesiástica, filhos da nobreza ou membros da plebe. Foi da fusão de duas delas que surgiu a primeira universidade do mundo ocidental, em Bolonha, na Itália, no ano de 1158. Quarenta anos depois, em 1200, ela contava com dez mil estudantes, de vários países da Europa. A segunda universidade que superou a primeira na fama foi a Sorbone, de Paris, nascida da escola episcopal da catedral de Notre Dame, fundada em 1170, por Sorbon, confessor do rei São Luiz IX. Nela se formaram personalidades do mundo científico, político e eclesiástico do mundo inteiro inclusive santos, como Tomás de Aquino, Inácio de Loyola e Francisco Xavier.

Em 1440, a Europa contava com 55 universidades e 12 institutos de ensino superior, todos fundados pela Igreja. Neles se estudava direito, medicina, línguas, artes, ciências, filosofia e teologia. Em 1311, no Concílio de Viena, o Papa Clemente V ordenou que, no curso de línguas, fossem incluídos o hebreu, o caldeu, o árabe e o armênio, medida logo acatada por todas as universidades católicas, começando pelas mais importantes: Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Coimbra.

Em Roma, até mesmo a Universidade La Sapienza uma das maiores do mundo, com 150.000 alunos, e que ganhou as manchetes da imprensa internacional em janeiro de 2008, quando um grupo de estudantes e professores impediu o Papa Bento XVI de nela proferir a aula inaugural, foi fundada pelo Papa Bonifácio VIII, em 1303.

Assim conclui o professor Felipe Aquino , mais do que se assemelhar a uma longa e tenebrosa noite escura, o que a Idade Média fez foi oferecer ao mundo centenas de universidades, que se tornaram centros de intensa vida intelectual, onde homens renomados se enfrentavam em discussões apaixonadas nos grandes problemas que agitavam a humanidade. A fé se transformava em fermento, que fazia a cultura crescer.

Os papas sabiam da importância das universidades para a Igreja e a sociedade, e intervinham seguidamente em seu auxílio. Um deles, Honório III, em 1220, defendeu os universitários de Bolonha contra as restrições de suas liberdades impostas pela autoridade civil. Por sua vez, Gregório IX, que governou a Igreja de 1227 a 1241, concedeu à universidade de Paris o direito de se auto-governar, com leis próprias para os cursos e estudos, emancipando-a da interferências das dioceses e colocando-a sob a sua direta jurisdição.

Um grande mérito das universidades medievais, que não deve ser menosprezado, foi a sua atenção à realidade social e política que as cercavam. Apesar de nem sempre terem obtido resultados satisfatórios, elas lutaram tenazmente contra a tentação de fugir para um aprendizado e uma cultura abstratos e descomprometidos, um saber direcionado exclusivamente para benefícios e interesses pessoais. O princípio e a orientação foram dados por São Bernardo de Claraval: "Não estude apenas para sua própria satisfação, mas para ser útil aos demais; o saber pelo saber não passa de uma curiosidade indigna".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

QUEM É JESUS CRISTO? UMA CRIATURA OU O CRIADOR?





Diz os ensinos heréticos das testemunhas-de-Jeová e dos espíritas, a respeito de Jesus Cristo:

1. Não é Deus;
2. Em sua vida humana foi simplesmente uma pessoa espiritual;
3. Não é todo-poderoso;
4. Foi criado pelo Pai, como criadas foram as demais coisas;
5. Não é o autor da Criação.

A Bíblia Enfatiza a Divindade de Cristo. O testemunho geral das Escrituras é que:

1. Cristo é Deus (João 1,1; 10,30.33.38; 14,9.11; 20,28; Romanos 9,5; Colossenses 1,15; 2,9; Filipenses 2,6; Hebreus 1,3; 2Coríntios 5,19; 1Pedro 1,2; 1João 5,2; Is 9,6).

2. Cristo é todo-poderoso (Mateus 28,18; Apocalipse 1,8).

3. Cristo não foi criado, pois é eterno (João 1,18; 6,57; 8,19.58; 10,30.38; 14,7.9.10.20; 16,28; 17,21).

4. Cristo é o autor da Criação (João 1,3; Cl 1,16; Hebreus 1,2.10; Apocalipse 3,14).

Muitas afirmações feitas no Antigo Testamento a respeito de Javé, são cumpridas e interpretadas no Novo Testamento, referindo-se a Jesus Cristo. Compare:

• Isaías 40,3-4 com Lucas 1,68-69.76
• Exodo 3,14 com João 8,56-58
• Jeremias 17,10 com Apocalipse 2,23
• Isaías 60,19 com Lucas 2,32
• Isaías 6,10 com João 12,37-41
• Isaías 8,12-13 com 1Pedro 3,14-15
• Isaías 8,13-14 com 1Pedro 2,7.8
• Números 21,6-7 com 1Coríntios 10,9
• Salmo 23,1 com João 10,11; 1Pedro 5,4
• Ezequiel 34,11-12 com Lucas 19,10
• Deuteronômio 6,16 com Mateus 4,10

Prova da Divindade de Cristo

Atributos inerentes a Deus Pai relacionam-se harmoniosamente com Cristo, provando a sua divindade. Deste modo a Bíblia apresenta-o como:

• O Primeiro e o Último (Isaías 41,4; Colossenses 1,15,18; Apocalipse 1,17; 21,6).
• Senhor dos Senhores (Apocalipse 17,14).
• Senhor de todos e Senhor da Glória (Atos 10,36; 1 Coríntios 2,8).
• Rei dos reis (Isaías 6,1-5; João 12,41; 1Timóteo 6,15).
• Juiz (Mateus 16,27; 25,31-32; 2Timóteo 4,1; Atos 17,31).
• Pastor (Salmo 22,1; João 10,11-12).
• Cabeça da Igreja (Efésios 1,22).
• Verdadeira Luz (Lucas 1,78-79; João 1,4.9).
• Fundamento da Igreja (Isaías 28,16; Mateus 16,18).
• Caminho (João 14,6; Hebreus 10,19-20).
• A Vida (João 11,25; 1João 5,11-12).
• Perdoador de pecados (Salmo 103,3; Marcos 2,5; 7,48.50).
• Preservador de tudo (Hebreus 1,3; Colossenses 1,17).
• Doador do Espírito Santo (Mateus 3,11; Atos 1,5).
• Onipresente (Efésios 1,20-23).
• Onipotente (Apocalipse 1,8).
• Onisciente (João 21,17).
• Santificador (Hebreus 2,11).
• Mestre (Lucas 21,15; Gálatas 1,12).
• Ressuscitador de si mesmo (João 2,19).
• Inspirador dos profetas (1Pedro 1,17).
• Supridor de ministros à Igreja (Efésios 4,11).
• Salvador (Tito 3,4-6).

A BÍBLIA DISPENSA A TRADIÇÃO ORAL DA IGREJA?


Por: Dom Estêvão Bettencourt, OSB


A Tradição oral remonta ao próprio Cristo e aos Apóstolos. Ela é anterior à Escritura e se exprime nela. O ponto em que mais aparece a necessidade de algo anterior à Escritura, é a que se refere ao Cânon Bíblico: Como saber se um livro é ou não inspirado? 

O próprio protestantismo, que afirma só reconhecer a Escritura, recorre necessariamente à Tradição Oral em 2 ocasiões: 

1. Sem a Tradição oral, não se pode definir o catálogo sagrado, pois em nenhuma parte da Escritura está escrito quais os livros que, inspirados por Deus, a devem integrar. É preciso procurar a definição dos livros sagrados fora da Escritura: na Tradição. Ora Lutero e o Protestantismo recorreram a tradição dos judeus da palestina, enquanto a Igreja Católica, seguindo o uso dos Apóstolos, optara pela tradição dos judeus de Alexandria. 

2. Na sua maneira de interpretar a Biblia, os protestantes também recorrem a uma tradição. Pois embora o texto biblico seja o mesmo para todas as denominações evangélicas, estas não concordam entre si, por exemplo, no que toca ao Batismo de criança, à observância do sábado ou do domingo, etc. As divergências não provêm do texto biblico, mas da interpretação dada a este texto por cada fundador. Ou seja, dependem da tradição oral ou escrita que cada fundador quis iniciar na sua congregação. Assim, embora queiram rejeitar a Tradição Oral, o cristão a professa sempre: professa a Tradição oriunda de Cristo e dos Apóstolos, ou a tradição oriunda de Lutero, Calvino... Cada "profeta" protestante faz o que Lutero fez: rejeita a tradição protestante anterior e começa uma nova tradição: sim, lê a Bíblia ao seu modo e dela deduz proposições de fé e de moral que, segundo a sua intuição humana falível, lhe parecem mais acertada.

Assim, a Escritura, só, não pode ser, nem é no protestantismo, a única fonte de fé. Por outro lado, a Tradição Oral e o Magistério da Igreja só tem sentido se fazem eco à Sagrada Escritura.