quinta-feira, 13 de maio de 2010

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI NA MISSA DO DIA 13 DE MAIO, EM FÁTIMA - PORTUGAL

Esplanada do Santuário de Fátima, 13 de maio de 2010

Queridos peregrinos,

«A linhagem do povo de Deus será conhecida […] como linhagem que o Senhor abençoou» (Is 61, 9). Assim começava a primeira leitura desta Eucaristia, cujas palavras encontram uma realização admirável nesta devota assembleia aos pés de Nossa Senhora de Fátima. Irmãs e irmãos muito amados, também eu vim como peregrino a Fátima, a esta «casa» que Maria escolheu para nos falar nos tempos modernos. Vim a Fátima para rejubilar com a presença de Maria e sua materna protecção. Vim a Fátima, porque hoje converge para aqui a Igreja peregrina, querida pelo seu Filho como instrumento de evangelização e sacramento de salvação. Vim a Fátima para rezar, com Maria e tantos peregrinos, pela nossa humanidade acabrunhada por misérias e sofrimentos. Enfim, com os mesmos sentimentos dos Beatos Francisco e Jacinta e da Serva de Deus Lúcia, vim a Fátima para confiar a Nossa Senhora a confissão íntima de que «amo», de que a Igreja, de que os sacerdotes «amam» Jesus e n’Ele desejam manter fixos os olhos ao terminar este Ano Sacerdotal, e para confiar à protecção materna de Maria os sacerdotes, os consagrados e consagradas, os missionários e todos os obreiros do bem que tornam acolhedora e benfazeja a Casa de Deus.


São a linhagem que o Senhor abençoou… Linhagem que o Senhor abençoou és tu, amada diocese de Leiria-Fátima, com o teu Pastor Dom António Marto, a quem agradeço a saudação inicial e todas as atenções com que me cumulou nomeadamente através de seus colaboradores neste santuário. Saúdo o Senhor Presidente da República e demais autoridades ao serviço desta Nação gloriosa. Idealmente abraço todas as dioceses de Portugal, aqui representadas pelos seus Bispos, e confio ao Céu todos os povos e nações da terra. Em Deus, estreito ao coração todos os seus filhos e filhas, especialmente quantos vivem atribulados ou abandonados, no desejo de comunicar-lhes aquela esperança grande que arde no meu coração e que, em Fátima, se faz encontrar mais sensivelmente. A nossa grande esperança lance raízes na vida de cada um de vós, amados peregrinos aqui presentes, e de quantos estão em comunhão connosco através dos meios de comunicação social.

Sim! O Senhor, a nossa grande esperança, está connosco; no seu amor misericordioso, oferece um futuro ao seu povo: um futuro de comunhão consigo. Tendo experimentado a misericórdia e consolação de Deus que não o abandonara no fatigante caminho do regresso do exílio de Babilónia, o povo de Deus exclama: «Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus» (Is 61, 10). Filha excelsa deste povo é a Virgem Mãe de Nazaré, a qual, revestida de graça e docemente surpreendida com a gestação de Deus que se estava operando no seu seio, faz igualmente sua esta alegria e esta esperança no cântico do Magnificat: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador». Entretanto não se vê como privilegiada no meio de um povo estéril, antes profetiza-lhe as doces alegrias duma prodigiosa maternidade de Deus, porque «a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem» (Lc 1, 47.50).

Prova disto mesmo é este lugar bendito. Mais sete anos e voltareis aqui para celebrar o centenário da primeira visita feita pela Senhora «vinda do Céu», como Mestra que introduz os pequenos videntes no conhecimento íntimo do Amor Trinitário e os leva a saborear o próprio Deus como o mais belo da existência humana. Uma experiência de graça que os tornou enamorados de Deus em Jesus, a ponto da Jacinta exclamar: «Gosto tanto de dizer a Jesus que O amo. Quando Lho digo muitas vezes, parece que tenho um lume no peito, mas não me queimo». E o Francisco dizia: «Do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus!» (Memórias da Irmã Lúcia, I, 40 e 127).

Irmãos, ao ouvir estes inocentes e profundos desabafos místicos dos Pastorinhos, poderia alguém olhar para eles com um pouco de inveja por terem visto ou com a desiludida resignação de quem não teve essa sorte mas insiste em ver. A tais pessoas, o Papa diz como Jesus: «Não andareis vós enganadas, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?» (Mc 12, 24). As Escrituras convidam-nos a crer: «Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20, 29), mas Deus – mais íntimo a mim mesmo de quanto o seja eu próprio (cf. Santo Agostinho, Confissões, III, 6, 11) – tem o poder de chegar até nós nomeadamente através dos sentidos interiores, de modo que a alma recebe o toque suave de algo real que está para além do sensível, tornando-a capaz de alcançar o não-sensível, o não-visível aos sentidos. Para isso exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma (cf. Card. Joseph Ratzinger, Comentário teológico da Mensagem de Fátima, ano 2000). Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-Se à nossa visão interior.


Mais ainda, aquela Luz no íntimo dos Pastorinhos, que provém do futuro de Deus, é a mesma que se manifestou na plenitude dos tempos e veio para todos: o Filho de Deus feito homem. Que Ele tem poder para incendiar os corações mais frios e tristes, vemo-lo nos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 32). Por isso a nossa esperança tem fundamento real, apoia-se num acontecimento que se coloca na história e ao mesmo tempo excede-a: é Jesus de Nazaré. E o entusiasmo que a sua sabedoria e poder salvífico suscitavam nas pessoas de então era tal que uma mulher do meio da multidão – como ouvimos no Evangelho – exclama: «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito». Contudo Jesus observou: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 27. 28). Mas quem tem tempo para escutar a sua palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e da incerteza, com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do dia novo, tendo acesa a chama da fé? A fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa que não desilude; indica um sólido fundamento sobre o qual apoiar, sem medo, a própria vida; pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo.

«A linhagem do povo de Deus será conhecida […] como linhagem que o Senhor abençoou» (Is 61, 9) com uma esperança inabalável e que frutifica num amor que se sacrifica pelos outros, mas não sacrifica os outros; antes – como ouvimos na segunda leitura – «tudo desculpa, tudo acredita, tudo espera, tudo suporta» (1 Cor 13, 7). Exemplo e estímulo são os Pastorinhos, que fizeram da sua vida uma doação a Deus e uma partilha com os outros por amor de Deus. Nossa Senhora ajudou-os a abrir o coração à universalidade do amor. De modo particular, a beata Jacinta mostrava-se incansável na partilha com os pobres e no sacrifício pela conversão dos pecadores. Só com este amor de fraternidade e partilha construiremos a civilização do Amor e da Paz.

Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída. Aqui revive aquele desígnio de Deus que interpela a humanidade desde os seus primórdios: «Onde está Abel, teu irmão? […] A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim» (Gn 4, 9). O homem pôde despoletar um ciclo de morte e terror, mas não consegue interrompê-lo… Na Sagrada Escritura, é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana e o mesmo faz aqui, em Fátima, quando Nossa Senhora pergunta: «Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele mesmo é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?» (Memórias da Irmã Lúcia, I, 162).

Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, indivíduo, veio do Céu a nossa bendita Mãe oferecendo-Se para transplantar no coração de quantos se Lhe entregam o Amor de Deus que arde no seu. Então eram só três, cujo exemplo de vida irradiou e se multiplicou em grupos sem conta por toda a superfície da terra, nomeadamente à passagem da Virgem Peregrina, que se votaram à causa da solidariedade fraterna. Possam os sete anos que nos separam do centenário das Aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade.

Papa Bento XVI

BENTO XVI LAMENTA "SILÊNCIO DA FÉ" ENTRE POLÍTICOS, INTELECTUAIS E JORNALISTAS


O Papa pediu hoje aos cristãos para levantarem a voz nos meios “onde o silêncio da fé é mais amplo”. No discurso aos bispos portugueses, proferido em Fátima, alertou para o “menosprezo pela dimensão religiosa” em algumas elites culturais, dando os exemplos dos “políticos, intelectuais e profissionais da comunicação”.

“Há necessidade de verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo: políticos, intelectuais, profissionais da comunicação que professam e promovem uma proposta mono-cultural com menosprezo pela dimensão religiosa e contemplativa da vida”, começou por dizer. “Em tais âmbitos, não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo, construtor de barreiras à inspiração cristã”, acrescentou.

O Papa defendeu que, nos tempos actuais, os apelos aos valores ou à tradição cristã não chegam para tocar os corações. “Aquilo que fascina é sobretudo o encontro com pessoas crentes que, pela sua fé, atraem para a graça de Cristo dando testemunho d’Ele”.

“Primavera da Igreja” para responder à fadiga.

O Santo Padre mostrou-se optimista quanto aos “novos movimentos eclesiais”. Bento XVI considera que são uma resposta a quem falava de fadiga da Igreja. “A propósito, confesso-vos a agradável surpresa que tive ao contactar com os movimentos e novas comunidades eclesiais. Observando-os, tive a alegria e a graça de ver como, num momento de fadiga da Igreja, num momento em que se falava de «inverno da Igreja», o Espírito Santo criava uma nova primavera”, explicou.

Aos bispos, o Papa pediu generosidade no acolhimento dos novos movimentos. Ainda assim, alertou os sacerdotes para não descurarem a responsabilidade que têm em garantir que estes movimentos operem inteiramente em comunhão com a Igreja e não nas suas margens. “Assim, por um lado, devemos sentir a responsabilidade de aceitar estes impulsos que são dons para a Igreja e lhe dão nova vitalidade, mas, por outro, devemos também ajudar os movimentos a encontrarem a estrada justa, com correcções feitas com compreensão.”

Na missiva aos bispos, Bento XVI pediu também um novo vigor missionário. “Na verdade, os tempos que vivemos exigem um novo vigor missionário dos cristãos chamados a formar um laicado maduro, identificado com a Igreja, solidário com a complexa transformação do mundo.”

A terminar, o Papa convidou o episcopado a não se contentar com o trabalho já feito no âmbito da acção social. “Queria pedir-vos para revigorardes em vós e ao vosso redor os sentimentos de misericórdia e compaixão capazes de corresponder às situações de graves carências sociais”. A este propósito, Bento XVI lembrou o trabalho já desenvolvido, nomeadamente com as “dioceses mais necessitadas, sobretudo dos países lusófonos”.

FIÉIS DEMONSTRAM CARINHO PELO PAPA


Cerca de 500 mil pessoas estiveram em Fátima, na missa deste 13 de Maio. Peregrinos, de todo o mundo, exprimiram a sua felicidade e dizem «sim gostamos dele»

Às nove horas da manhã, pelas ruas de Fátima, já havia muita agitação; peregrinos apressados caminhavam para o Santuário, outros de carro ainda procuravam por estacionamento, tarefa difícil nestes dias. Por volta das 10h, começa a Santa Missa na esplanada do Santuário, com o recinto repleto de gente; outros, ainda do lado de fora, a tentar entrar. Bandeiras coloridas marcam presença, em nome das centenas de grupos de diversas nacionalidades presentes na celebração religiosa.

«Exprimimos o nosso apoio ao nosso Papa, pois ele precisa dele e pediu-nos muito para rezar. Portanto, estamos felizes por estar perto dele, para lhe dizer que rezamos por ele, que confiamos nele. Ele dá-nos muita esperança e a nós, também, fortifica-nos estar aqui», afirma uma religiosa, à FÁTIMA MISSIONÁRIA. O grupo de 54 pessoas, que integra, viajou durante dois dias, de autocarro, para poder estar em Fátima; com os aviões não puderam contar. «Foi muito duro, mas rezamos muito para que Portugal aproveite bem esta visita e que tenha frutos», explicou a irmã Rose Marie, da Família Missionária de Nôtre Dame, da zona de Paris.

Perto do meio-dia, muitos peregrinos começam a sair. Membros da Guarda Nacional Republicana esforçam-se por manter a ordem. Repetem, vezes sem conta, aos fiéis menos obedientes: «Não podem ficar aqui. Ou entram ou saem». Já falta pouco para verem o Papa de perto. Horas de espera para a grande maioria. Manuel Monteiro aguarda desde as quatro da manhã por esse momento. «A maneira dele…Tem muita paciência. Será um bom Papa», afirma o cidadão de 74 anos, vindo do Porto.

Bento XVI saúda os fieís, que respondem com fortes aplausos e gritos de alegria. «Viva o Papa!», grita um grupo de jovens portugueses com muito energia. A missa termina. Olhares muito atentos, de todos os lados, estudando minuciosamente o local por onde o Santo Padre vai passar. A segurança é apertada. Minutos antes, as autoridades soltam cães polícias, num último controlo ao local. E finalmente, chega o momento tão esperado por centenas e centenas de pessoas. O Papa passa, saúda os fiéis e despede-se com um olhar carinhoso. «Uma emoção grande. Quase parece que lhe tocamos», afirma uma peregrina que andou quatro dias para chegar a Fátima. «É muito diferente do que parece na televisão. É mais natural», diz Rosa Soares, de 51 anos.


Por: Cristina Santos (Fátima Missionária)

Visita do Papa Bento XVI ao Santuário de Fátima - Portugal


Foi uma das primeiras coisas que Bento XVI disse à chegada a Portugal: "Venho como peregrino de Fátima." A intenção concretizou-se ontem eram 17h30. Bento XVI saiu do papamóvel e ajoelhou-se perante a imagem de Nossa Senhora. Como os peregrinos que ontem chegavam a pé ao santuário, o Papa culminou uma caminhada que assinala os dez anos da beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta e cinco anos de pontificado. Não parece ser coincidência: ainda durante o voo para Lisboa, Bento XVI disse que a igreja tem de reaprender virtudes como penitência e oração pedidas em Fátima aos pastorinhos há 93 anos

É pouco provável que as intervenções de Bento XVI nas cerimónias dos próximos dias toquem os temas polémicos com que a igreja mundial e também a portuguesa se debateram durante o seu pontificado. Mas para o teólogo Peter Stilwell, parece claro que é esse o pano de fundo que traz Bento XVI a Portugal com os olhos em Fátima. "No início do seu pontificado, sentia-se até que Bento XVI orientava a atenção da igreja para outros santuários marianos. A intenção hoje será diferente. Bento XVI deve ter despertado para o terceiro segredo de Fátima [Lúcia relatou a visão do papa atacado por setas e tiros] com tudo o que se tem passado na igreja, em que ele tem sido o bombo da festa."

Bento XVI deverá falar de um caminho para a alegria que passa por um regresso às virtudes pedidas aos pastorinhos. Ontem, ao final da tarde, na Igreja da Santíssima Trindade, dirigiu-se aos religiosos e falou da necessidade de serem "livres para serem santos, livres para serem pobres, castos e obedientes, livres para levar a sociedade actual a Jesus Cristo." Na capelinha das aparições, sublinhou que num tempo em que "a chama da fé corre o risco de se apagar, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo."

Para o teólogo Peter Stilwell, a mensagem final vai ganhando forma: "A nossa capacidade de diálogo com o mundo parte por aprofundar o centro da nossa fé e isso implica uma conversão permanente", acredita, sublinhando que as intervenções de Fátima, hoje, deverão ser dirigidas ao mundo, e não tão localizadas quanto a de Lisboa.

A ideia de que Bento XVI poderia regressar ao terceiro segredo de Fátima para uma nova interpretação tem sido rejeitada pelos principais vaticanistas. No voo papal, Bento XVI sublinhou, contudo, que apesar do atentado contra o Papa transmitido a Lúcia ter sido associado a João Paulo II, "outras realidades são reveladas e vão desenvolver-se e tornar-se clara ao longo do tempo." O facto de ter feito uma alusão aos recentes casos de pedofilia, que dão uma visão aterradora do pecado que também existe no interior da igreja, sublinhou Bento XVI, fez regressar as polémicas dos segredos.

E em 1917 a Virgem Maria disse "Etc" "Nossa Senhora é a nossa garantia materna visível que a vontade de Deus é sempre a última palavra na história", disse Bento XVI antes de aterrar em Portugal. Essa garantia visível demorou a ser usada pela igreja como uma das maiores forças da fé católica.

Depois de décadas de silêncio quase absoluto, Tarcisio Bertone abriu o jogo e revelou ao mundo o conteúdo do terceiro segredo de Fátima em Julho de 2000. O então secretário da Congregação para a Doutrina da Fé contou que, afinal, o que Nossa Senhora de Fátima disse aos pastorinhos - pedindo-lhes segredo - era a profecia do atentado que João Paulo II viria a sofrer no dia 13 de Maio de 1981.

Sendo essa a revelação, porque é que o Vaticano escondeu a predição durante 19 anos? Esta foi a primeira pergunta que um investigador italiano, Solideo Paolini, fez na altura ao arcebispo Loris Capovilla (antigo secretário de João XXIII, o primeiro Papa a ter acesso à carta da Irmã Lúcia que continha as profecias). O arcebispo respondeu de forma enigmática: "Devo defender o que foi dito nos documentos oficiais. Mesmo que saiba algo mais." E entregou ao investigador uma série de documentos onde saltava à vista, desde logo, uma primeira incongruência. Nos papéis dizia que o Papa Paulo VI tinha aberto o envelope com o segredo a 27 de Junho de 1963. Mas o que Tarcisio Bertone disse em 2000 é que Paulo VI tinha lido o segredo no dia 27 de Março de 1965.

Lori Capovilla entregou as informações que recolheu a um escritor, Antonio Socci, que depois escreveu o livro "O Quarto Segredo de Fátima". A tese é polémica: o Vaticano esconde uma segunda parte do terceiro segredo de Fátima. Trata-se de mais uma profecia que se refere a uma grave crise de fé no seio da Igreja. A tese tem como ponto de partida uma frase que a Irmã Lúcia registou nas suas memórias, dita por Nossa Senhora: "Em Portugal, o dogma da fé será sempre preservado, etc.". A palavra "etc", acreditam os investigadores, é a chave. E encerra a segunda parte do segredo que nunca foi revelada. Para o Vaticano, contudo, o assunto está encerrado.
 

terça-feira, 11 de maio de 2010

O Brasil é o maior país católico do mundo?


Tenho lido esta frase em vários locais, e sempre minha mente, inconscientemente não aceitava bem esta “verdade”. Daí; com um pouco de calma, com os olhos focalizados no povo brasileiro e com o meu relacionamento com os ditos católicos, pude chegar a seguinte conclusão:

Para se compreender o que é ser católico no Brasil, temos de analisar os vários tipos que conhecemos e o que os padres consideram como católicos.

A rigor, que eu me lembre, conheci uma pessoa que sabia realmente o que era ser católica: minha tia. Uma senhora beirando os seus oitenta anos. Ela sabia os significados das liturgias, um pouco da história de sua igreja e seus santos, era leitora assídua da Bíblia (muito mais que a grande maioria dos ditos evangélicos). Levava à sério a rotina das missas e o que os seus padres falavam nos sermões. No vulgar, ela era o que chamamos de uma “católica carola”.

Quase todos os seus filhos haviam se convertido às várias denominações de linhas evangélicas. Resistiu com bravura aos assédios religiosos deles até o fim e morreu católica. Era uma boa mãe, boa esposa, boa gente mesmo! Creio que dona Maria, minha tia, foi salva. O quê? Falei asneira? E daí, se ela considerava uma outra personagem bíblica como mediadora entre ela e Deus? Será que ela era pior que Maria Madalena? Ou à mulher samaritana? Ou à Raabe a prostituta? Ou ao homicida e adúltero, David, ou aos mentirosos: Abraão e Pedro? Ou ao lascivo Salomão? E o que falar de Dimas, o ladrão “colega de cruz” de Jesus? Creio que foi salva, não por ter sido boa mãe, boa esposa, boa gente e uma verdadeira católica; mas porque amava o Mestre e tinha a devida fé nEle, e mais que isso, expressava na prática, todo o amor (não fingido), derramado em seu coração.

Tenho impressão que Deus terá de arrumar um outro “céu melhor” para algumas pessoas. Talvez um “céu do céu”. O céu de Cristo não comporta a “santidade” de muitos religiosos que conheço!

Outra categoria de católicos que conheço, compõe pessoas cultas e bem informadas; intelectuais. Vão à igreja com uma certa freqüência, prestam atenção aos sermões, cumprem os rituais e rezas, mas infelizmente ficam somente aí. Não se envolvem com nada. São as suas obrigações religiosas para com Deus e isso já basta para eles. Um belo exemplo disso é uma certa prima de minha mulher: formada em advocacia, mulher inteligente, grande leitora de bons livros (seculares, claro). Em sua cabeça, ela pensa: “nasci católica e vou morrer católica! É uma questão de tradição familiar”. Ano passado ela foi à Portugal, em Fátima - só para ver o “pinheirinho” onde Nossa Senhora “pairou”. Não sabe nada de Bíblia! Nenhuma passagem do Novo Testamento, nem o plano de salvação de Cristo, nem a Graça, nem a fé, nem nada, nenhum fundamento bíblico! Tenho impressão que a proíbem de ler a Bíblia; só pode!
Não há nenhuma possibilidade de diálogo religioso com esse grupo. Desta categoria, com certeza, não conheci mais que vinte pessoas. Olhe que conheci muita gente em minha vida!

Outro grupo: pessoas que, para não dizer que são atéias (isso pega mal no Brasil), afirmam que são católicas. É a grande onda, ser católico no Brasil. Aqui, quem não é religioso e não gosta de futebol, é católico e torce pelo flamengo! Não acreditam em Deus, numa só palavra da Bíblia, não gostam de nenhuma religião, menosprezam qualquer tipo de ensino religioso, especialmente o dos “crentes”, mas nunca assumem que são incrédulos. Mentem até para as pesquisas de estatísticas, somente por conveniências sociais e econômicas. Esse grupo é grande! Seguramente não posso dizer a quantidade de pessoas desta categoria, que conheço. Tenho que dizer um número? Talvez umas quinhentas pessoas que conheci na vida.

Mais grupo? Aqueles que têm mais afinidades por outras religiões, mas por medo de serem discriminados, falam que são católicos! Por exemplo: os “espíritas enrustidos”. Acham uma maravilha a doutrina kardecista, - a de “primeira linha” - por acharem muito justa e honesta, mas, pensam eles, não vão levar nenhuma vantagem com isto. Os padres não os consideram católicos. Quantidade? É muita gente! Não posso dizer.

E o grupo dos sincréticos? Eles não sabem muito bem o que são, mas por via das dúvidas; são católicos! Combinam crenças do chamado: baixo espiritismo, com as crenças do catolicismo: Iemanjá é Nossa Senhora. São Jorge é oxum. Santa Bárbara é Iansã (se não me falha a memória). E assim por diante.
Pensam que são católicos, mas os padres não os consideram. Esse grupo é enorme! Muito grande mesmo, principalmente no Rio de Janeiro, no nordeste e outras regiões. No último dia do ano e no dia dois de fevereiro, vemos milhões de pessoas pela televisão, nas praias a jogar flores para Iemanjá. São católicos! Missa? A grande maioria não sabe quando foi a última vez que pisou na igreja! Mas são católicos!

Agora é a vez de um grupo ainda maior: daqueles que não tiveram a sorte de nascer numa casa digna. São os miseráveis, ignorantes e analfabetos. Esses, não dão muita bola para o que os padres falam. Elegem quem quer para adorar. Não obedecem à lista dos beatificados por Roma. Aliás, o Brasil, por ter “tantos católicos”, só tem um santo oficial! Não nos querem para santos, somente para ovelhas! O Padre Cícero Romão no nordeste é intocável. Aí daquele que proibir suas devoções! São milhões de pessoas devotas deste falecido padre nordestino. Mas existem muitos outros “santos marginais”.

Neste grupo, pela estatística, arrisco um palpite de quantidade: são em torno de 60% da população, o que dá mais ou menos 110 milhões de pessoas. Ano passado, numa determinada cidadezinha de São Paulo, limparam os vidros da janela de uma casa, com um determinado produto e vejam só! Apareceu Nossa Senhora desenhada no vidro! Coitado do proprietário; virou romaria a sua casa! Multidões se aglomeravam à sua porta. Fechavam a rua e até desconhecidos entrava porta à dentro! Não sabem no que crêem; qualquer coisa é objeto de adoração. Se aparece alguém dizendo que uma sandália velha foi de Cristo, pronto; está a começar mais uma romaria. Missa? A grande maioria não sabe quando foi a última vez que pisou na igreja! Mas são católicos!

Bom, agora vou falar de um grupo seleto de católicos: os próprios padres. Estudei numa faculdade católica, e posso dizer que conheci muito bem, alguns padres professores. Descobri que alguns me pareciam bastante sinceros. Eram homens cultos e muito convictos de seus credos. Mas em geral os outros não me pareciam religiosos. Na verdade eram bastante ateus! Não quero mencionar os maus exemplos dos padres, mas também não quero ser omisso.
O que ouvimos dos católicos e o que vemos na mídia sobre esses sacerdotes me entristece muito. Não me escandaliza porque nada que venha do homem me surpreende mais. São estes, os que pregam sermões para o nosso povo. São nossos católicos!

E agora, será que posso dizer que somos o maior pais católico do mundo? Acho que devemos dar uma olhada lá fora, para descobrir como são os católicos de lá. Se forem iguais aos daqui, então poderei afirmar que de fato somos o maior. Caso contrário, temos de rever essa estatística.

Por: David de Oliveira

domingo, 9 de maio de 2010

Passagem e martírio de Pedro em Roma

Algumas vezes os protestantes, por não conseguirem desmentir o Primado de Pedro, dizem que Pedro nunca esteve em Roma e, por conseguinte, a Igreja de Roma não poderia ser a verdadeira Igreja de Cristo.

Porém, não é o que dizem os primitivos cristãos (dos primeiros séculos)

• "Lancemos os olhos sobre os excelentes apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida; e foi em razão da inveja e da discórdia que Paulo mostrou o preço da paciência: depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro e ter atingido os confins do Ocidente, deu testemunho perante aqueles que governavam e, desta forma, deixou o mundo e foi para o lugar santo. A esses homens [...] juntou-se grande multidão de eleitos que, em consequência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo." (Clemente de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios, 5,3-7; 6,1).

• "Não é como Pedro e Paulo que eu vos dou ordens1; eles foram apóstolos, eu não sou senão um condenado" (Inácio de Antioquia, ano 107, Carta aos Romanos 4,3).

• "Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, II,25,8).

• "Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de São Filipe. Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Vai à via Óstia e lá encontrareis o troféu de Paulo; vai ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro" (Gaio, ano 199)

• "Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, III,1).

Grafitos anônimos dos séculos II e III escritos sobre o túmulo de São Pedro localizado durante as escavações arqueológicas promovidas sob a Basílica do Vaticano nas décadas de 50 e 60 (do séc. XX):

• "Pedro está aqui." (=Petros Eni)

• "Pedro, pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos sepultados junto do teu corpo."

• "Salve, Apóstolo!"

• "Cristo e Pedro"

• "Viva em Cristo e em Pedro"

• "Vitória a Cristo, a Maria e a Pedro"
Se Pedro não tivesse estado em Roma, a frase de Santo Inácio ficaria completamente sem sentido.

Aqui estão as provas da vida e da morte de Pedro em Roma. O fato é confirmado por dois escritores do séc II (S. Ireneu) e sec IV (Tertuliano, na obra História Eclesiástica, Ed. Paulus)

Santo Ireneu (†202): (desde o primeiro século, a Igreja de Roma tinha a primazia do ensino). “Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a tradição que vem dos apóstolos” (Contra as Heresias).

Eusébio de Cesaréia (†340):

“Pedro e Paulo, indo para a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e por fim sofreram o martírio simultaneamente” (História Eclesiástica, II 25,8)

Santo Ireneu apresenta a primeira lista dos doze primeiros Papas da Igreja, até o décimo segundo, até Eleutério, Papa do seu tempo. Todos sucessores de Pedro, em Roma:

“Ora, dado que seria demasiado longo... enumerar as sucessões de todas as Igrejas, tomaremos a máxima igreja, muito antiga e conhecida de todos, fundada e construída em Roma pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo; mostraremos que a tradição que ela tem, dos mesmos, e a fé que anunciou aos homens, chegaram até nós por sucessões de bispos”...

“Porque, é com esta Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda a Igreja... na qual sempre se conservou a tradição que vem dos Apóstolos”.

“Depois de ter fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto o sucedeu. Depois, em terceiro lugar a partir dos apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado. Ele tinha visto os próprios apóstolos, estivera em relação com eles; sua pregação ressoava-lhe aos ouvidos; sua tradição estava presente ainda aos seus olhos. Aliás ele não estava só, havia em sua época muitos homens instruídos pelos apóstolos...

A Clemente sucede Evaristo; a Evaristo, Alexandre; em seguida... Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aníceto, Sotero... Eleutério em 12º lugar a partir dos Apóstolos”.

“É nesta ordem e sucessão que a tradição dada à Igreja desde os apóstolos, e a pregação da verdade, chegaram até nós. E está aí uma prova muito completa de que é única e sempre a mesma, a fé vivificadora que, na Igreja desde os Apóstolos, se conservou até o dia de hoje e foi transmitida na verdade” (III, 2,2).



O TÚMULO DE PEDRO ENCONTRADO EM ROMA


São Pedro foi martirizado e sepultado em Roma. As escavações realizadas sob a Basílica do Vaticano nos últimos decênios, bem como os escritores antigos, confirmam isto. Os arqueólogos descobriam um túmulo cristão sob a Basílica Vaticana, em meio a túmulos pagãos. Esse túmulo cristão tinha acesso por uma via que devia ser muito frequentada. Foram encontradas junto a esse túmulo numerosas inscrições a carvão (graffiti), fazendo menção ao Apóstolo Pedro. Encontraram ossos de um indivíduo de 60 a 70 anos, que é muito provavelmente de S. Pedro. Quando Pedro morreu, no ano 67, os cristãos ainda não tinham cemitérios próprios, e por isso o enterraram em um cemitério pagão. Foi o imperador romano Constantino, filho de Santa Helena, que convertido ao Cristianismo, construiu a primeira antiga Basílica de S. Pedro, no século IV. É importante notar que ele podia ter escolhido, ao lado do local onde a Basílica foi construída, um terreno mais adequado, plano e grande: o chamado “Circo de Nero”. Ao contrário, mandou edificar a Basílica sobre um terreno fortemente inclinado e já ocupado por um cemitério, que era um local respeitado pelos romanos. Se Constantino preferiu o local acidentado e "desrespeitou" o cemitério, construindo sobre ele a Basílica, é porque deve ter tido uma razão forte, exatamente a presença do túmulo de São Pedro ali.

Por todas essas razões os Bispos de Roma são os sucessores de Pedro, com jurisdição sobre toda a Igreja. A Igreja Católica é chamada também de Romana por ter a sua sede, a Santa Sé, em Roma. Esta denominação, embora não seja uma exigência doutrinária, não é gratuita. Firmando a sede da Sua Igreja exatamente no coração do Império Romano, aquele que quis destruir a Igreja, que sacrificou milhares de mártires, com isto Cristo mostrou ao mundo que a Sua Igreja é invencível, e que jamais os poderes do inferno a vencerão. Sua promessa se cumpre. O império romano, talvez o maior império que a humanidade já conheceu, não conseguiu vencer aqueles Doze homens simples da Galiléia; ao contrário, foi "engolido" pelo cristianismo. No ano 313 o imperador Constantino, filho de Santa Helena, assinava o Edito de Milão, que acabava com a perseguição contra os cristãos em todo o império. Pouco tempo depois, o imperador Teodósio oficializava o cristianismo como a religião oficial do império...