domingo, 6 de junho de 2010

"Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo".

Fonte: Abadia de São Bento de Singeverga - Portugal


A vida é o dom e o bem mais precioso para cada pessoa. A liturgia da palavra que nos é proposta neste domingo chama-nos a atenção para esta realidade. No evangelho, Jesus dá a vida ao filho da viúva de Naim, um acontecimento da vida de Jesus que é antecipado profeticamente por um acontecimento muito semelhante, aquele que nos é proposto na primeira leitura (1Re 17,17-24), a celebração da vida do filho da viúva de Sarepta. 

 Os dois episódios estão estritamente ligados entre si, através do método tipológico, o critério adoptado pela reforma do leccionário proposto pelo Concílio Vaticano II e que tem o seu modelo nas homilias dos antigos padres da igreja, nas quais, interpretando as escrituras, estabeleciam a ligação entre os Testamentos e garantiam o valor ontológico dos acontecimentos: O Antigo testamento é sempre anúncio profético, prefiguração e antecipação do evento sacramental de Cristo, da sua encarnação, da sua vida entre os homens, bem como da sua morte e ressurreição. 

 Se neste ano C somos conduzidos pela leitura semi-contínua do Evangelho de Lucas (“semi-contínua” porque escutamos apenas aqueles acontecimentos considerados mais importantes para a formação dos fiéis), a primeira leitura (normalmente do Antigo Testamento, sobretudo no tempo comum que hoje retomamos) não obedece a nenhum critério de leitura contínua da bíblia, mas é escolhida de acordo com o acontecimento narrado no evangelho, de acordo com o método tipológico referido. 

 Esta leitura tipológica da Sagrada Escritura transparece hoje claramente na relação ontológica existente entre a primeira leitura e no evangelho que escutámos: Os mortos são dois rapazes e as respectivas mães são viúvas. Trata-se da dor mais angustiante porque as duas viúvas são as criaturas que na sociedade hebraica estão colocadas no último patamar da escala social (viúvas e órfãos), postas à prova por uma dor sem igual: a perda de um filho único. A resposta de Elias e de Jesus têm também a mesma fisionomia (ressurreição do filho), mas possuem uma identidade diferente, que se desvela nas exclamações conclusivas nos respectivos textos.

 Na primeira leitura a viúva exclama: «agora vejo que és um homem de Deus e que se encontra verdadeiramente nos teus lábios a palavra do Senhor»; e no evangelho os que presenciaram o milagre confirmam a diferença: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». 

As duas exclamações ajudam-nos a concluir o seguinte: Elias é reconhecido como profeta, porque realiza obras de Deus, Jesus é chamado de “grande profeta” (porque conheciam as obras de Elias e portanto atribuem-lhe o mesmo nome), mas é mais do que profeta, é o messias, é a «visita de Deus», é a presença de Deus entre os homens ou, melhor ainda, é Deus. O método tipológico é importante nesta relação porque estabelece uma relação entre os acontecimentos do Antigo Testamento e os do Novo Testamento, mas salvaguarda as diferenças.

 De acordo com este método Jesus será chamado o “novo Elias”, o protagonista da primeira leitura (como também será chamado de “novo Moisés”, “novo Adão”, “novo Abraão”, “novo Isaac”), mas as diferenças serão sempre respeitadas: Jesus é mais do que Moisés, mais do que Elias e mais do que Adão. Porque as personagens e os acontecimentos do Antigo Testamento serão sempre prefiguração e anúncio de Cristo, no qual se realizam todas essas prefigurações, porque Ele é o “Deus” anunciado pelo Antigo Testamento, Ele é o messias, a realização de todas as personagens e acontecimentos do Antigo Testamento. A incarnação de Cristo é a “visita” de Deus à humanidade.

 O milagre da ressurreição do filho da viúva de Naim é a sua síntese mais concreta. Deus visita o seu povo para que o homem tenha a vida e para consolação de quem é escravo do mal. Tudo parte da “compaixão” de Jesus para com a viúva, posta à prova pela morte do marido e pela morte do filho. A mulher é circundada pela morte, como Adão e Eva depois do pecado. A “compaixão” de Deus restitui a vida ao filho da viúva para que ela se sinta feliz. Deus sabe consolar os corações aflitos e sabe mudar as lágrimas em alegria (Cf. Ap 21,4). 

 Naim representa, portanto, o encontro de duas multidões (dois grupos). Por um lado, os “discípulos e uma grande multidão” acompanham Jesus, por outro, a viúva era acompanhada de “muita gente da cidade” que participava do funeral. 

O primeiro grupo segue Jesus porque já tinha descoberto o seu amor pelos homens (Tito 3,4) e o reconhecia como Salvador, o segundo grupo segue a maldição da primeira Aliança, que Deus tinha comunicado a Adão como consequência da desobediência: «lembra-te que és pó e ao pós hás-de tornar» (Gen 3, 19). No entanto, as duas multidões serão testemunhas da “compaixão” de e do seu poder. 

 A reacção das duas multidões (de todos) é o temor e a glorificação. Recordamos que no contexto bíblico o “temor” não é o medo, mas o amor obediente para com Deus. A glorificação não é só o louvor, mas também o testemunho alegre daquilo que Deus fez. As duas multidões não evidenciam o milagre, mas através do milagre evidenciam a presença de Deus no meio dos homens. 

O homem, portanto, não é um grão de areia à deriva no universo. O homem é a criatura que Deus “visita” com amor compassivo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A TEOLOGIA DO SACRIFÍCIO DA MISSA

Por: Dom Licínio Rangel


A “Confissão de Augsburgo”, protestante, viu bem a mudança radical do novo rito da missa, ao declarar: “Nós fazemos uso das novas preces eucarísticas (católicas) que têm a vantagem de pulverizar (reduzir a pó) a teologia do Sacrifício” (“L' Eglise d' Alsace”, dez/73 e jan/74. Apud “La Messa di Lutero”, por Dom Lefebvre).

Essas “preces eucarísticas” da missa nova, oficialmente em número de quatro, mas que já são muito mais, correspondem ao único “Cânon” da Missa tradicional. É a parte central e sacrifical da Missa, e que fica entre o “Sanctus” e o “Pater Noster”. É exclusiva do celebrante que deve pronunciá-la em latim e em voz baixa (Concílio de Trento). Nela tem lugar a grande “Ação sacrifical de Jesus Cristo”, que Ele renova na Consagração. É através dela que Cristo se torna presente realmente, e se coloca sob as Espécies Sacramentais em estado de Vítima imolada. Aí renova Ele a oblação sacrifical que fez de si mesmo ao Pai na Cruz. E isso, em virtude da Ordem (Sacramento do sacerdócio) que deu aos Apóstolos de fazerem o mesmo que ele tinha feito (Lc. 22,19).

É o seu ato sacrifical, que é único e uno, e que foi realizado uma vez por todas, cruentamente na Cruz e misticamente, na última Ceia. E que, por sua ordem, de novo se torna presente, de modo místico, mas real, em cada verdadeira Missa. Assim, deu Jesus cumprimento à profecia de Malaquias: “Do nascente ao poente (...) e em todo lugar, será oferecido ao meu nome uma oblação pura” (Mal. 1,11).

A Santa Missa abrange ou realiza os quatro fins do Sacrifício: o latrêutico ou de adoração; o eucarístico ou de ação de graças; o propiciatório ou de expiação; e o impetratório ou de súplica. O fiel, unindo-se por esses atos a Jesus Cristo, que, na Missa como na Cruz, é ao mesmo tempo, Sacerdote e Vítima, participa dos frutos da Redenção e cumpre os seus deveres fundamentais para com Deus. Desses frutos também participam todos os fiéis espalhados pelo mundo.

O caráter sacrifical da Missa católica é indicado por vários modos:
a) Por ser a renovação e perpetuação, de modo incruento, do Sacrifício da Cruz, o qual, por sua vez, deu cumprimento aos sacrifícios figurativos do Antigo Testamento. Jesus Cristo unificou, na Cruz e na Ceia-Missa, os vários aspectos dos sacrifícios figurativos da Antiga Aliança indicados acima (nº 4 deste).

b) Pelas palavras de sentido sacrifical da liturgia dos sacrifícios figurativos do Antigo Testamento, das quais Jesus fez uso na última Ceia: “Isto é o meu Corpo que é entregue por vós”, e “Este é o Cálice de meu Sangue que é derramado por vós”. Note-se o verbo no tempo presente (texto original), indicando um derramar de seu Sangue no próprio ato consecratório.

c) Pela realização da “morte sacramental” de Jesus significada através da Consagração das espécies do pão e do vinho, em separado. A separação sacramental do Corpo e do Sangue significa e realiza misticamente a morte de Jesus Cristo.

d) Pelo ofertório, com as preces que o acompanham, e que indicam explicitamente que a Santa Missa é sacrifício, e sacrifício propiciatório, isto é, que desagrava a Deus pelos pecados, para os quais impetra o perdão. De fato, nele o celebrante declara que o oferece “... por seus pecados..., pelos de todos os fiéis vivos e defuntos... para que a todos aproveite a vida eterna”.

e) Por fim, a Fé da Igreja que sempre professou essa verdade e no Concílio de Trento sentenciou infalivelmente contra os protestantes: “Se alguém disse que a Missa é só Sacrifício de louvor, e não propiciatório (...) seja anátema (Denz. Sch. 1753).

“Sacrifício de louvor” era o que ainda admitia Lutero. Não basta, porém, isso para termos toda a “teologia do sacrifício”, que é necessário admitir-se completa e que a Confissão protestante de Augsburgo declara “ter sido pulverizada pelas novas preces eucarísticas” da missa nova.

Por isso, a primeira medida de Lutero contra o caráter sacrifical da Missa, foi a supressão do ofertório, que mais explicitamente o expressa. Depois fez as outras mudanças. Foi igualmente o que fez Paulo VI na nova missa, transformando o ofertório em uma simples apresentação de dons conforme prática judaica na suas sinagogas.

Em seguida, Lutero alterou as palavras da instituição, fazendo da parte consecratória e da narrativa, que são bem distintas, uma só, e mandando pronunciar tudo em tom narrativo e em voz alta. Tudo para suprimir qualquer idéia de ação pessoal do celebrante e pois, toda a idéia de sacrifício; e assim inculcar nos assistentes a idéia protestante de simples ceia-memorial.

Também a reforma de Paulo VI, do rito da Missa, alterou a forma da Consagração, transpondo para fora dela as palavras “Mysterium fidei”, e suprimindo o ponto gráfico que separava bem a parte narrativa, da parte consecratória, de modo que o celebrante é levado a pronunciar tudo em tom narrativo como quem apenas conta um fato acontecido no passado, e não como quem faz uma ação pessoal, que torna de novo presente a mesma realidade operada por Jesus Cristo, e por Ele ordenada que fosse renovada perpetuamente mediante o ministério do sacerdote (Lc. 22,19).

Vê-se pois, por essa pequena amostra – e há muitos outros pontos nos quais a missa nova não é mais a pura expressão da Fé Católica – como é de suma importância a nossa fé nesse aspecto da Missa como sacrifício. Aí está a prova. Os protestantes tomam ares de festa com a sua supressão, através da Missa nova.

No entanto, não ficou nisso toda a reforma luterana do rito da Missa, mas tendo por objetivo suprimir a própria Missa, partiu Lutero para a supressão do sacerdócio católico, que fora instituído por Jesus Cristo, para garantir a perpetuidade do santo Sacrifício da Missa. Pois ele sabia bem que sem sacerdote verdadeiro não há missa verdadeira, mas simples ceia-comemorativa da última Ceia celebrada por Cristo.

Por isso, seguindo esse mesmo espírito, a atual reforma do rito da Missa, feita por Paulo VI, apresenta uma clara tendência a prescindir do padre como único sacrificador da Divina Vítima no sacrifício do Altar. De fato, a “Institutio generalis”, que promulga o novo rito, ao dar uma definição de Missa, que os protestantes assinariam, apresenta a Missa como sendo constituída essencialmente pela “assembléia dos fiéis reunidos para celebrar o memorial do Senhor, sob a presidência do celebrante”.

Note-se que foi acrescentada posteriormente a afirmação de que o celebrante “agit in persona Christi” (age no lugar de Cristo e como seu representante), [mas esta] não alterou a afirmação de que quem celebra o “memorial do Senhor é a assembléia dos fiéis” (cf. Institutio Generalis, nº 7), e não o sacerdote, sozinho.

Preparou-se assim, a negação explícita da própria presença sacramental e real de Jesus Cristo na Divina Eucaristia, como atualmente os neo-modernistas mas avançados estão fazendo. Os neo-catecumenais, por exemplo, que proíbem os fiéis de se ajoelharem na Consagração, porque - dizem - tudo não passa de simples símbolos. Eis aí a prova de que a Nova Missa leva gradualmente ao protestantismo.

É o bastante para já se entender porque os Cardeais Ottaviani e Bacci, em carta a Paulo VI, ao lhe apresentarem o “Breve Estudo Crítico da nova missa”, tenham afirmado: “O novo rito da Missa se distancia de modo impressionante, no seu todo e nos seus pontos particulares, da teologia católica da Missa”.

Também ultimamente, o Cardeal Stickler declarou que “o novo rito da Missa é uma adaptação à idéia protestante do culto”. Ele cita também o escritor francês Jean Guitton que escreveu o seguinte: “O Papa Paulo VI me confiou que era sua intenção assemelhar, o mais possível, a nova liturgia ao culto protestante” (em “Fideliter”, nº 109). Isso confirma o que já havia dito o perito em Liturgia, Mons. Klaus Gamber: “A reforma litúrgica de Paulo VI foi mais radical que a de Lutero” (Em “A Reforma Litúrgica em questão” - Ed. Francesa, com prefácio do Cardeal Ratzinger).

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ORIGEM DA FESTA DE CORPUS CHRISTI

                    

Benção do Santíssimo Sacramento no Rito Tridentino


MONGES BENEDITINOS FAZEM CAMPANHA ON-LINE

                     

segunda-feira, 31 de maio de 2010

FESTA DA VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA


Após a anunciação do anjo, Maria sai (apressadamente, diz S. Lucas) para fazer uma visita à sua prima Isabel e prestar-lhe serviços (pois esta espera em seu ventre o precursor João Batista). A viagem de Maria é longa, vai a Jerusalém, passa a Samaria e atinge Ain-Karin, na Judéia, onde mora a família de Zacarias.

É fácil imaginar o sentimentos que povoam sua alma na meditação do mistério anunciado pelo anjo. São sentimentos de humilde gratidão para com a grandeza e bondade de Deus, que Maria expressará na presença da prima com o hino do Magnificat, a expressão “do amor jubiloso que canta e louva o amado” (diz S. Bernardino de Sena): “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador...”

A presença do Verbo encarnado em Maria é causa de graça para Isabel que, inspirada, percebe os grandes mistérios que se operam na jovem prima, a sua dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação do precursor, que exulta de alegria no ventre da mãe. Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, aguardando provavelmente outros oito dias para o rito da imposição do nome. Aceitando esta contagem do período passado junto com a prima Isabel, a festa da Visitação, de origem franciscana (os frades menores já a celebravam em 1263), era celebrada a dois de julho, isto é, ao término da visita de Maria. Teria sido mais lógico colocar a memória depois do dia 25 de março, festa da Anunciação, mas procurou-se evitar que caísse no período quaresmal.

A festa foi depois estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano VI para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente. O sínodo de Basiléia, na sessão do 1º de julho de 1441, confirmou a festividade da Visitação, não aceita, no início pelos Estados que defendiam o antipapa.

O atual calendário litúrgico, não levando em conta a cronologia sugerida pelo episódio evangélico, abandonou a data tradicional de 2 de julho (antigamente a Visitação era celebrada também em outras datas) para fixar-lhe a memória no último dia de maio, como coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem. “Na Encarnação – comenta são Francisco de Sales – Maria se humilha confessando-se a serva do Senhor... Porém, Maria não fica só na humilhação diante de Deus, pois sabe que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus ao próximo. Não é possível amar Deus que não vemos, se não amamos os homens que vemos. Esta parte realiza-se na Visitação.”

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Também neste dia 31 de maio da festa da visitação de Nossa Senhora, queremos nos alegrar e celebrar com nosso irmão Alex dos Santos Silva, que completa mais um ano de vida. Desejamos que o Espírito Santo possa sempre o conduzir nos caminhos de Deus, nosso Pai,  e que sua vida seja testemunho, a exemplo de Maria Santíssima, do pleno cumprimento da Vontade de Deus.

Parabéns Alex! São os votos de "Nota Católica".

domingo, 30 de maio de 2010

SANTÍSSIMA TRINDADE

Por: Prof. Felipe Aquino


Só existe um Deus, mas n'Ele há três Pessoas divinas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver mais que um Deus, pois este é absoluto. Se houvesse dois deuses, um deles seria menor que o outro, e Deus não pode ser menor que outro, pois não seria Deus.

A Trindade é Una. “Não professamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: “a Trindade consubstancial” (II Conc. Constantinopla, DS 421). “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). “Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina” (IV Conc. Latrão, em 1215, DS 804).

A Profissão de Fé do Papa Dâmaso, diz: “Deus é único, mas não solitário” (Fides Damasi, DS 71). “Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). São distintos entre si por suas relações de origem: “É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede” (IV Conc. Latrão, e, 1215, DS 804).

A Igreja ensina que as pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras:

“Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três pessoas considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância” (XI Conc. Toledo, DS 675). “Tudo é uno [neles] lá onde não se encontra a oposição de relação” (Conc. Florença, em 1442, DS 1330). “Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Conc. Florença, em 1442, DS 1331).

Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno (330-379), “o Teólogo”, explicava:

“Antes de todas as coisas, conservai-me este bem depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os três de maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro... Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim (Or. 40,41).

O primeiro catecismo chamado Didaqué, do ano 90 dizia:

"No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não houver água corrente, batizai em outra água; se não puder batizar em água fria, façais com água quente. Na falta de uma ou outra, derramai três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Didaqué 7,1-3).

São Clemente de Roma, papa no ano 96, ensinava: "Um Deus, um Cristo, um Espírito de graça" (Carta aos Coríntios 46,6). "Como Deus vive, assim vive o Senhor e o Espírito Santo" (Carta aos Coríntios 58,2).

Santo Inácio, bispo de Antioquia (†107), mártir em Roma, dizia: "Vós sois as pedras do templo do Pai, elevado para o alto pelo guindaste de Jesus Cristo, que é a sua cruz, com o Espírito Santo como corda" (Carta aos Efésios 9,1).

"Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos Apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual" (Carta aos Magnésios 13,1-2).

São Justino, mártir no ano 151, escreveu essas palavras ao imperador romano Antonino Pio: "Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos" (I Apologia 61).

São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de S. João evangelista, mártir no ano 156, disse: "Eu te louvo, Deus da Verdade, te bendigo, te glorifico por teu Filho Jesus Cristo, nosso eterno e Sumo Sacerdote no céu; por Ele, com Ele e o Espírito Santo, glória seja dada a ti, agora e nos séculos futuros! Amém." ( Martírio de Policarpo 14,1-3).

Teófilo de Antioquia, ano 181: "Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus [=Pai], de seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria [=Espírito Santo]" (Segundo Livro a Autólico 15,3).

S. Irineu de Lião, ano 189: "Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus..." (Contra as Heresias I,10,1).

"Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto dele antes de toda a criação" (Contra as Heresias IV,20,4).

Tertuliano, escritor romano cristão, no ano 210: "Foi estabelecida a lei de batizar e prescrita a fórmula: 'Ide, ensinai os povos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'" (Do Batismo 13).

E o Concílio de Nicéia, ano 325, confirmou toda essa verdade:

"Cremos... em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que há no céu e na terra. [...] Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual falou pelos Profetas" (Credo de Nicéia).

quinta-feira, 27 de maio de 2010